11 Rotina

  • Procedimento:
    • Referência a algumas metodologias e livros utilizados, como Bremer (2011).

    • Mencionar o apêndice / caderno de anotações mais explicitamente.

    • Etapas de confecção:

      • Ocorre um insight ou formulação!

      • Novo conteúdo é apensado no caderno de nota.

      • Notas são agrupadas e organizadas.

      • Argumentação é desenvolvida de acordo com um encadeamento de ideias.

      • Trecho é movido para o texto principal.

      • É feita uma amarração no ponto de contato do trecho com o resto do texto (ponto de entrada e ponto de saída).

      • Edição: passadas pelo texto/seções/trechos: estruturação, argumentação, consistência, fluência.

  • Paciência:
    • Você nunca chegará lá se for muito rápido. Indo no passo apropriado aumenta a chance de memorização.
  • Velocidade:
    • Tomando cuidado com a velocidade, que pode contribuir para a ansiedade de conclusão do trabalho “em tempo para contribuir na prevenção do desastre” ou na chave da vaidade do ineditismo.

    • Qual seria o problema da velocidade? seria porque tem uma pressa essencial em tudo, na expectativa deste trabalho salvar tempo, recursos, pessoas etc? Ou também é o temor de que outra pessoa já esteja escrevendo o mesmo?

    • Hoje a pressa é o padrão: a velocidade favorece o reflexo (o que já foi elaborado) e desfavorece o pensamento (o que ainda está a elaborar).

    • Hoje também é muito difícil elaborar algo que já não esteja sendo elaborada por milhares de outras pessoas ao redor do mundo.

    • A velocidade é paradoxal, e encontrar um ritmo ótimo é desafiador.

  • Das fontes, interpretações e usos:
    • Não tive tempo de ler e experienciar tudo, então completo as lacunas com meus próprios pensamentos, fazendo muitas suposições.

    • A leitura de dicionários e enciclopédias é um atalho para quem não consegue ler todos os textos…

    • Legal disclaimer: sem garantias ou responsabilização legal pelo uso deste conteúdo.

    • Nota sobre a não necessária concordânica com todas as fontes citadas; a responsabilização sobre meus erros; no strings attached.

    • “The Conflict of Interpretations: Essays in Hermeneutics”, Paul Ricoeur (1974).

    • “Teoria De La Interpretacion”, Paul (2006).

  • Erros:
    • Este estudo possivelmente contém erros e inconsistências que valem ser corrigidas.

    • Não tenho como dar um dólar hexadecimal para cada pessoa que sugerir uma alteração, (TODO?).

    • Mas, na medida do possível, consigo aplicar as correções e dar os créditos a quem apontar problemas ou fizer sugestões.

  • Hiperintertextualidade:
    • Diferenciações:
      • Mito.

      • Metáfora, Eco (1986) Cap. 3.

      • Alegoria, Cunha Corrêa (2016), Bello (2007).

      • Paradoxo, contradição e aporia.

      • Analogia.

      • Etc.

    • Referenciamento:
      • Intercorrências: citações. Citar é remixar.

      • Pensamento e escrita não-lineares.

      • Agrupamento e coagulção da árvore de anotações.

      • The “tower of levels” is a pragmatist dividion of the explanation about what is going on. See Terry Winograd (1987) for discussion.

      • Pesquisa na era do hipertexto. No caso do livro, interrompemos a hipertextualidade no segundo e no terceiro níveis: do texto principal (nível 0), para as notas de rodapé e/ou diretamente para a bibliografia (níveis 2 e 3).

      • O uso do hipertexto (multi-relações, etiquetas), editores e sistemas de arquivos (estrutura em árvore), assim como sistemas de acompanhamento de versão (visão temporal), indexadores, motores de busca e o acesso rápido à literatura facilitam e ao mesmo tempo tornam mais complicada essa problemática: é fácil seguir a diante mas também é muito mais fácil se perder no labirinto.

    • Texto como código:
      • Também escrevo como um programador de software, que é um dos meus ofícios, numa metodologia literária com bastante influência das técnicas de desenvolvimento de software, mas que talvez se transforme num “envolvimento de texto”: modularização, ferramentas de controle de versões e editoração etc.

      • Este texto é em parte viabilizado apenas pela facilidade ferramental e de disponibilidade facilitada das fontes.

      • Hipertexto (semiótica).

    • Circuito/círculo hermenêutico não só na leitura, como especialmente na escrita.
  • Tradutor, traidor?
    • Das traduções.

    • Os muitos “translator’s foreword” que existem por aí!

    • Das minhas traduções e das traduções de outrens.

    • Nota sobre originais, traduções, fragmentos, afirmações, diferença da biblioteca para a presença direta da autoria, uma obscuridade em todos os níveis – Heidegger (2018) (Translator’s foreword, etc).

    • “On Translation”, Ricoeur (2006). Resenha em Guerini e Riconi (2014).

    • Comparação, quando possível, entre diversas traduções com o texto original.

  • Etimologia e filologia:
    • Bello (2007)

    • Definição de etimologia: consulta a uma enciclopédia de linguística, como a International Encyclopedia of Linguistics: https://archive.org/details/internationalenc00newy/page/n5/mode/2up

    • Etimologia, etimologização e etimogorização:

      • Mudar definição LaTeX “etimology” para “etimogory”, sportar ambas ou deixar como está, seguindo uma interpretação apenas depois da definição etimológica mais formal.
    • Etimologizar é viciante!

    • Muitas vezes parece que a etimologia revela justamente o contrário desta afirmação8:

      [A] word never-well, hardly ever-shakes off its etymology and its formation. In spite of all changes in the extensions of and additions to its meanings, and indeed rather pervading and governing these, there will still persist the old idea … Going back into the history of a word, very often into Latin, we come back pretty commonly to pictures or models of how things happen or are done. (Austin 1961, pp. 149-150)

      Às vezes parece que a “velha ideia” contida na palavra muda, como se ela se referisse à mesma coisa, mas por outras ideias… por exemplo o que diz Peters (1988)9:

      Words have many and conflicting senses, sometimes outright opposing ones (cleave: to divide, to join). The senses of words hang together less like logical propositions than like inhabitants of a house or city. Not logic but life, in Wittgenstein’s great insight, governs the structure and coherence of discourse. The meaning of a given “language-game” comes from the “forms of life” with which it is “interwoven.”

    • Checagem de dicionários filosóficos ao longo do tempo, dica de Capurro (2022) pág. 162.

  • Verdade:
    • Não estou interessado em disputar verdades, mas em produzir o bem viver e por isso busco uma ciência não-impositiva que produza conhecimento e tecnologias emancipatórias.

    • Faremos uma genealogia maquínica possivelmente numa nova perspectiva, com muitas novas hipóteses. Falaremos, desenharemos e pensaremos num monte de máquinas ao longo deste ensaio.

    • A escrita deste ensaio também precisa ser um exercício de bom governo.

    • Impossível descrever todo o caminho percorrido para chegar a este encadeamento de ideias.

    • As teorias aqui usadas ou introduzias são todas arbitrárias no sentido de que são produtos de várias decisões, ou arbitradas por acasos e contingências dos momentos; outras teorias poderiam ter sido usadas. Como no papo de Deleuze sobre teorias como óculos.

    • Interpretação “subjetiva” muitas vezes, mas não sujeitiva; diferentemente daquela que afirma categoricamente que o passado foi de um tal jeito, aqui é criada uma narrativa de sentido politizadora.

    • Se for para subscrever a alguma corrente do pensamento, este ensaio está mais alinhado a abordagens construtivistas e à “virada” ontológica: https://en.wikipedia.org/wiki/Ontological_turn

    • Lidando com erros, correções (de curso também) e aprendizados:

      • Bug hunting: “dólar hexadecimal” imaginário e créditos para quem apontar, sugerir e enviar correções! (Aproveitando a ideia de Knuth).

      • Muito difícil alguém não se enrolar ou cometer erros num trabalho com um volume de palavras tão grande!

    • Instigação ao invés de investigação ou inquirição!

    • “Verdade pragmática”: “Anarquismo Ontológico e Verdade no Antropoceno”, Mauro W. B. Almeida (2021):

      • Deixa uma seguinte questão bem aberta: sendo as cosmologias incomensuráveis, a aliança entre concepções é uma questão não somente pragmática como política, mas que pressupõe que mesmo nessa incomensurabilidade haja uma compatibilidade do reconhecimento de problemas comuns; mas e no caso do negacionismo e do extracionismo, que são baseados em cosmologias não somente incomensuráveis como conflitantes com as cosmologias emancipatórias?

      • A incomensurabilidade parece até anterior à comparação entre distintos povos: está presente numa mesma população, de uma pessoa para outra e até em cosmologias que habitam a mente de uma única pessoa!

    • “Epistemological Pluralism and the Revaluation of the Concrete”, Turkle e Papert (1990).

    • “Caipora e outros conflitos ontológicos”, Mauro W. Barbosa de Almeida (2013).

    • Abordar mais uma vez, reforçando que aqui é feito um conjunto de escolhas ontológicas e epistêmicas dentre várias outras possíveis. Longe de esperar que esta seja a escolha mais próxima de uma “verdade” e de um “real” mas que está disposta a ser reavalida e melhorada.

  • Perspectivas:
    • Ficção? Não-ficção? Livro-texto? Livro técnico? Narrativa?

    • Subjetividade.

    • Variantologia.

    • Indicar a mudança de linguagem/contexto/teoria nas explicações?

    • Considerações nas notas metodológicas de Rabinbach (1990) págs. 12-18 a respeito de objetividade, ideologia, discurso, linguagem etc.

    • Como modularizar passagens, raciocínios, etc? E referenciá-los? Usar as seguintes categorias: “definições”, “hipóteses”, “observação”?

    • Writers often say that books aren’t written, they’re rewritten. https://quoteinvestigator.com/2019/01/16/write-book/

    • Nota sobre o que este ensaio é e o que não é.

    • Fazer uma análise mais detalhada dos meus motivos e do meu comportamento, motivos do autor, na escrita deste texto?

  • Tortura:
    • Meu desafio: ousar dizer que estamos sob tortura; escrever durante esse processo, investigando o que sinto e penso. Ao contrário do interrogador instrumentariano, me pergunto para me libertar e reduzir o sofrimento.

    • Como se meste momento estivesse numa tortura mas conservando ainda o privilégio da pesquisa. Atroz.

    • Escrevendo sobre tortura e sob tortura.

  • Redação:
    • Nota sobre linguagem com neutralidade de gênero (linguagem inclusiva, não-binária, neutra):

      • Adotei no livro o gênero feminimo ou neutro, tanto por simplicidade para contornar limitações do nosso idioma. Com tantos livros que adotam por padrão o gênero masculino, escolhi escrever este no feminino. Também para treinar e incentivar a mudança de perspectiva/paradigma.

      • Além disso, o uso gênero feminino subentende o termo pessoa. Quando digo “ela”, me refiro a alguém enquanto pessoa. Algumas situações o gênero masculino podem ocorrer, a serem corrigidas sempre que possível.

      • Não há fundamentação para o gênero dos substantivos no português, Bechara (2009) Cap. As Unidades do Enunciado - Seção A - Item 1 - Substantivo - Subseção Gênero - trecho Inconsistência do gênero gramatical. Então para que manter essa convenção?

      • Após um longo período de des-re-construção e descolonização estaremos provavelmente falando outros idiomas.

    • Algumas citações utilizam a convenção AC/DC para indicar a era do calendário gregoriano. Sempre que possível, utilizarei as abreviaturas AEC (Antes da Era Commum) e EC (Era Comum), indicando os períodos anterior e posterios ao ano um do calendário gregoriano.

    • Como citar este trabalho:

      • Incluir edição/revisão.

      • Número do parágrafo/subseção/seção/capítulo.

    • Muitas vezes me acho apenas escrevendo tautologias; ou operando apenas como um DJ de textos alheios, para usar uma expressão dos tempos em que escrevia conjuntamente com meu amigo C.; às vezes, sinto estar num delírio que me faz imaginar todo o tipo de padrões e conexões onde talvez não haja nada.

      Mas todo pensamento logicamente/mecanicamente conectado não seria basicamente composto por tautologias? Se assim for, o delírio e as partes pouco explicadas que comporiam a parte não-tautológica da argumentação.

  • Resumo: perigos a serem evitados:
    • Falácia etimológica, isto é, não indicar onde termina o resgate etimológico com base na literatura existente e onde inicia a minha discussão etimogórica.

    • Anacronismo, ou seja, não deixar exposto quando estou usando conceitos disponíveis no contemporâneo para explicar acontecimentos passados, ou então colocar tais conceitos como se tivessem sido estabelecidos no passado. Preciso e usarei teorias recentes para modelar o passado narrativamente, porém tentarei o melhor possível indicar de onde vem cada conceito que estou usando. Evidentemente sou um ser formado no contemporâneo e por isso toda a minha análise já parte de uma construção/poluição de conceitos e boa parte do trabalho sempre incompleto consiste em entender de onde viria meu próprio pensamento.

      Minha interpretação polui tanto quanto cria a partir do ruído.

      Tomo o cuidado de não indicar que os conceitos que uso já estavam presentes e disponíveis pelos sujeitos históricos de outras épocas e sim são apenas parte do meu arcabouço precário de entendimento.

      Anacronismo pode ocorrer tanto das leituras do presente aplicadas ao passado ou às do passado no presente.

  • Fluência:
    • Sobre publicação do estudo.

    • Livro versionado, com etiquetas (tags) num repositório Git.

    • O esquema adotado é o Versionamento Semântico versão 2.0.0: https://semver.org/lang/pt-BR/spec/v2.0.0.html

    • Mínimo Ensaio Viável (MEV), ou Mínima Produção Viável (MVP):

      • Primeira versão pública: primeira leitura que seja “funcional”, não necessariamente a versão 1.0.0 (que estabelece a primeira “API” estável), mas possivelmente a versão 0.1.0, contendo o argumento geral do ensaio.

      • “Funcional” aqui entende-se como a versão que já contenha todo a argumentação geral, legível de “cabo a rabo” da serpente, sem muitos solavancos.

      • Diferença entre uma versão acabada de uma legível e efetiva.

    • Etiquetar uma nova versão sempre que possível, por exemplo após um sprint (semanal, mensal, aperiódico etc).

    • Registro de mudanças (ChangeLog) entre edições sempre que possível, facilitando o entendimento.

    • Como o versionamento é do repositório como um todo, todos os artefatos usam a mesma versão (ensaio em PDF, caderno de notas, slides, linhas do tempo etc).

  • Edição:
    • Editoração.

    • Bookup, Rhatto (2024a).

    • Assinatura criptográfica?

Bibliografia

Almeida, Mauro W. B. 2021. “Anarquismo Ontológico e Verdade no Antropoceno”. Ilha - Revista de Antropologia 23. https://doi.org/https://doi.org/10.5007/2175-8034.2021.e78405.
Almeida, Mauro W. Barbosa de. 2013. “Caipora e outros conflitos ontológicos”. R@U - Revista de Antropologia da UFSCar 5: 7–28. http://www.rau.ufscar.br/wp-content/uploads/2015/05/vol5no1_01.MauroAlmeida.pdf.
Bechara, Evanildo. 2009. Moderna Gramática Portuguesa. 37º ed. Editora Nova Fronteira.
Bello, Del. 2007. Forgotten Paths: Etymology and the Allegorical Mindset. The Catholic University of America Press.
Bremer, Rod. 2011. The Manual- A guide to the Ultimate Study Method (USM); covering Speed Reading, Super Memory, Laser Concentration, Rapid Mental Arithmetic and the Ultimate Study Method (USM). Amazon Digital Services.
Capurro, Rafael. 2022. Información: Contribución a una fundamentación del concepto de información basada en la etimología y la historia de las ideas. Ápeiron Ediciones. http://www.capurro.de/info.html.
Capurro, Rafael, e Birger Hjørland. 2003. “The concept of information”. Annual Review of Information Science and Technology 37: 343–411. https://doi.org/10.1002/aris.1440370109.
Cunha Corrêa, Paula da. 2016. “The "Ship of Fools" in Euenus 8b and Plato’s Republic 488a–489a”. In Iambus and Elegy: New Approaches, Hardcover, 291–09. Oxford University Press, USA. https://www.academia.edu/34548421/Ship_of_Fools_pdf.
Eco, Umberto. 1986. Semiotics and the Philosophy of Language. Reprint. Advances em Semiotics. Indiana University Press.
Guerini, Andréia, e Andréia Riconi. 2014. “Resenha: RICOEUR, Paul. Sobre a tradução. Tradução de Patrícia Lavelle. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2011. 71 p”. Cadernos de Tradução. https://doi.org/10.5007/2175-7968.2014v1n33p343.
Heidegger, Martin. 2018. Heraclitus The Inception of Occidental Thinking and Logic: Heraclitus’s Doctrine of the Logos. Bloomsbury.
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Terry Winograd, Fernando Flores. 1987. Understanding computers and cognition. AW. Addison-Wesley Professional.
Turkle, Sherry, e Seymour Papert. 1990. “Epistemological Pluralism and the Revaluation of the Concrete”. SIGNS: Journal of Women in Culture and Society 16.

  1. Em Capurro e Hjørland (2003) pág. 351↩︎

  2. Pág. 10.↩︎