10 Cânone

10.1 Credenciamento

  • Não venho de uma escola específica. Sigo o rastro dos livros, das notas de rodapé, das referências bibliográficas, das recomendações de pessoas…

  • Não é muita pretensão achar que tens a competência para enunciar tantas teorias? Bom… eu venho do punk, onde se pratica a cultura do faça-você-mesmo. Não pensávamos se podíamos ou sabíamos fazer ou nos preocupávamos sobre nossa habilidade e qualidade da produção: fazíamos.

  • Uso de autores consagrados:

    • “Ah, mas você não citou X, você precisa citar X”. Não preciso, pois X já se citou!

    • Marx, Foucault, Deleuze etc interessantes e importantíssimos. E neste ensaio, talvez eu ate esteja chovendo no molhado por não recorrer diretamente ou insuficientemente a eles e a tantas outras autorias. Mas também pode ser muito útil se eu chegar em conclusões convergentes partindo de corpos teóricos distintos!

    • Mas senti a necessidade de criar minha propria narrativa. Ir até as fontes que consegui. Revisitá-las. Contar do meu jeito, conceber uma análise nova… análise não, narrativa. Se ficarmos só na variação sobre o mesmo tema em cima dos consagrados corremos grande risco de nos empobrecer.

    • Cada caminho de leitura e pensamento será diferente; mesmo que chegue num mesmo lugar terá uma visão distinta, que pode ser compativel etc.

      Estou longe de pretender esgotar os temas aqui tratados, possuir conhecimento enciclopédico.

      Pra resumir: isto é um ensaio!

10.2 Diletantismo

  • O risco do diletantismo, tal como abordado em Damerow (1996) págs. xii-1.

  • Por outro lado, “diletantismo” pode ser uma pecha atribuída para excluir pessoas de participarem do processo de pesquisa…

10.3 Critérios

  • Critérios científicos gerais e específicos, Gramsci (1999) - Caderno 11, § 15:

    Deve-se deixar estabelecido que toda investigação tem seu método determinado e constrói uma ciência determinada, e que o método desenvolveu-se e foi elaborado conjuntamente ao desenvolvimento e à elaboração daquela determinada investigação e ciência, formando com ela um todo único. Acreditar que se pode fazer progredir uma investigação científica aplicando-lhe um método tipo, escolhido porque deu bons resultados em outra investigação ao qual estava relacionado, é um equívoco estranho que nada tem em comum com a ciência. Contudo, existem também critérios gerais que, digamos, constituem a consciência crítica de todo cientista, não importa qual seja a sua “especialização”, e que devem estar sempre espontaneamente ativos em seu trabalho. Desta forma, pode-se dizer que não é cientista quem demonstre escassa segurança em seus critérios particulares, quem não tenha uma plena inteligência dos conceitos utilizados, quem tenha escassa informação e conhecimento do estágio precedente dos problemas tratados, quem não seja muito cauteloso em suas afirmações, quem não progrida de uma maneira necessária, mas sim arbitrária e sem concatenação, quem não saiba levar em conta as lacunas que existem nos conhecimentos já atingidos, mas as ignore e se contente com soluções ou nexos puramente verbais, ao invés de declarar que se trata de posições provisórias que poderão ser retomadas e desenvolvidas, etc.

10.4 Relevância

  • Produzir um corpo de conhecimento abstrato: resultados comunicáveis e reprodutíveis para outras pessoas, Ilya Prigogine (1984) pág. 38:

    body of abstract thought […] – that is, a thought whose results are communicable and reproducible for all reasoning human beings

  • Alegorias da Babel, da Catedral e do Bazar?

    • Abundância e discursos e produções.

    • Línguas comuns mas também idiomas específicos.

    • Nem sempre há uma padronização rigorosa.

10.5 Padronização

  • Ortografia:
    • “Decreto nº 6.583, de 29 de setembro de 2008. Promulga o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990”,

      L. I. L. da Silva e Amorim (2880).

    • “Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa: Dispositivos Constitucionais Pertinentes DLG no 54/95 - Decreto no 6.583/2008 Normas Correlatas - Guia Prático Índice de Assuntos”, Secretaria Especial de Editoração e Publicações Subsecretaria de Edições Técnicas (2009).

    • Não sei dizer o quanto esta obra está consonante com o Novo Acordo Ortográfico da Lengua Portugoisa!

10.6 Crítica

  • Toda esta minha crítica à racionalidade será tratada ao longo do texto – explícita e implicitamente – mas não é uma indicação de que nego qualquer racionalidade… do contrário não teria escrito este texto e sim sorteado letras ou algo do tipo!

    Poderia mencionar os Macacos Datilógrafos Proverbiais, mas este é um exemplo tendencioso sobre a incapacidade símia, apesar de frisar o ponto da aleatoriedade de modo interessante.

  • Crítica à academia como espaço de reprodução ritual da tortura. “A Tortura nas Sociedades Primitivas” valeria também na academia enquanto sociedade primitiva.

  • Quero aqui fazer uma ciência de outra natureza, pensando noutra concepção de Natureza.

  • Presídio global. A prática da ciência neste mundo colonial equivale aos prisioneiros que pesquisam a prisão em busca de escape.

10.7 Limitações

  • “The Limits of Exactitude in Greek, Roman, and Byzantine Literature and Textual Transmission”, Pelucchi (2022).

  • Exatidão em Calvino (2013) Cap. 3.

Bibliografia

Calvino, Italo. 2013. Seis propostas para o próіximo milênio. Companhia das Letras.
Damerow, Peter. 1996. Abstraction and Representation: Essays on the Cultural Evolution of Thinking. 1º ed. Boston Studies em the Philosophy of Science 175. Springer Netherlands.
Gramsci, Antonio. 1999. Cadernos do cárcere, Vol. 1: Introdução ao estudo da filosofia. A filosofia de Benedetto Croce. Paperback. Quaderni del carcere 1. Civilização Brasileira.
Ilya Prigogine, Alvin Toffler, Isabelle Stengers. 1984. Order Out of Chaos. Bantam.
Pelucchi, Nicoletta Bruno; Giulia Dovico; Olivia Montepaone; Marco. 2022. The Limits of Exactitude in Greek, Roman, and Byzantine Literature and Textual Transmission. 1º ed. Trends em Classics - Supplementary Volumes 137. Walter de Gruyter GmbH & Co KG.
Secretaria Especial de Editoração e Publicações Subsecretaria de Edições Técnicas, Senado Federal -. 2009. “Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa: Dispositivos Constitucionais Pertinentes DLG no 54/95 - Decreto no 6.583/2008 Normas Correlatas - Guia Prático Índice de Assuntos”.
Silva, Luiz Inácio Lula da, e Celso Luiz Nunes Amorim. 2880. “Decreto nº 6.583, de 29 de setembro de 2008. Promulga o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990”. 2880. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/d6583.htm.